Filhos que Abandonam seus Pais em Asilos e Passam a Controlar o Patrimônio do Idoso

9/5/2025

O Envelhecimento da População e os Desafios da Família Moderna

O envelhecimento da população brasileira é uma realidade cada vez mais presente em nosso cotidiano. Segundo o Censo de 2022, o número de idosos cresceu 57,4% em apenas 12 anos. Com o aumento da expectativa de vida, cresce também a necessidade de atenção, cuidado e respeito às pessoas idosas — especialmente no âmbito familiar.

Infelizmente, muitos pais têm sido deixados em instituições de longa permanência, os chamados asilos, por seus próprios filhos. E o que agrava ainda mais essa realidade é quando esses filhos, além de se afastarem do cuidado direto, passam a controlar o patrimônio do idoso de forma negligente ou abusiva.

Cuidado com o Idoso: Dever Moral e Legal

Esse fenômeno levanta questões profundas sobre direitos, deveres e a dignidade da pessoa idosa. A legislação brasileira é clara ao estabelecer a responsabilidade dos filhos para com seus pais idosos:

Constituição Federal – Art. 229

“Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade.”

Código Civil – Artigos 1.694 e seguintes

  • Estabelecem a obrigação de prestação de alimentos entre parentes, incluindo o cuidado material, moral e afetivo dos filhos para com os pais.

Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/2003)

  • Art. 3º: Garante ao idoso os direitos fundamentais da pessoa humana.
  • Art. 19: Impõe à família a obrigação de proporcionar convivência familiar e comunitária.
  • Abandono é crime: Deixar de prestar assistência a um idoso, quando legalmente obrigado, é crime com previsão de pena.

Quando o Controle do Patrimônio se Torna Abusivo

Além do abandono físico e emocional, o controle dos bens do idoso pode representar risco grave quando feito de forma irresponsável.
O patrimônio deve ser sempre administrado em benefício do idoso, respeitando sua vontade, necessidades e bem-estar.

O uso indevido de seus bens pode configurar:

  • Abuso de direito
  • Apropriação indébita
  • Maus-tratos patrimoniais

Interdição e Curatela: Medidas de Proteção

Se o idoso não possui plena capacidade de gerir seus bens, pode ser necessária a interdição judicial. Nesse caso, um curador é nomeado para administrar o patrimônio — sempre com o foco em proteger a pessoa idosa, respeitando ao máximo sua autonomia.

Caso haja suspeita de abuso por parte do curador ou familiar:

  • É possível requerer prestação de contas
  • Pedir a substituição do curador
  • Buscar a responsabilização civil e criminal
  • Acionar o Ministério Público para investigação

Exemplo: O Caso de Dona Maria

Dona Maria, 82 anos, foi levada a um asilo pelos filhos. Enquanto isso, um deles passou a movimentar sua conta bancária, vender bens e tomar decisões financeiras sem consulta.

Se for constatado que Dona Maria está sendo privada de recursos ou lesada financeiramente, a família pode ser responsabilizada judicialmente — inclusive com reversão de atos patrimoniais e indenização por danos morais.

Como Prevenir Conflitos e Proteger o Idoso

A prevenção começa com o diálogo familiar transparente e com orientação jurídica especializada. Algumas estratégias podem fazer toda a diferença:

Planejamento Patrimonial

Permite que o próprio idoso defina como deseja que seus bens sejam administrados, por meio de:

  • Testamento
  • Doação em vida
  • Instrumentos legais diversos

Procuração Pública com Limites Definidos

Nomear alguém de confiança como administrador dos bens, com clareza sobre os limites e deveres.

Acompanhamento por Advogado

Ter um profissional para revisar e validar atos patrimoniais pode evitar abusos e garantir que a vontade do idoso seja respeitada.

Mediação Familiar

Uma alternativa ética e eficiente para restaurar o diálogo, resolver conflitos e evitar processos judiciais desnecessários.

Respeito e Dignidade: Um Compromisso Familiar

O respeito à dignidade do idoso é um dever de toda a sociedade — especialmente da família.
Abandonar pais em instituições e controlar seus bens sem zelo é uma grave violação de direitos, com consequências emocionais e legais.

O caminho mais saudável é sempre o do:

  • Diálogo
  • Empatia
  • Busca por soluções harmoniosas
  • Respeito à vontade e à autonomia do idoso

Precisa de Orientação?

Se você conhece uma situação semelhante ou tem dúvidas sobre como proteger um familiar idoso, procure orientação jurídica especializada.

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